Perfil do Piloto – Werner Neugebauer: O doce sabor da velocidade.
A temporada de 2020 da Porsche Cup conta novamente com um piloto que já figurou diversas vezes no lugar mais alto do pódio da Cup: Werner Neugebauer.
Sua estreia na categoria é até hoje considerada uma das mais impressionantes da história da Porsche: em 2016, logo em seu final de semana de estreia na Cup, o gaúcho subiu no pódio na primeira prova e venceu em sua segunda corrida. Com um importante detalhe: justamente na etapa mais importante do ano, preliminar do GP Brasil de F1.
O resultado pode ter espantado quem não conhecia o talento de Neugebauer, mas sua história com o automobilismo não havia começado naquele final de semana. “Na minha família, a paixão pela velocidade veio do meu pai, que gostava bastante e chegou até a correr de kart, mas mais por diversão. Já comigo foi diferente, sempre sonhei em ser profissional do automobilismo”, diz Werner.
A meta vinha conseguindo ser alcançada mesmo para quem teve um começo relativamente tardio, aos 20 anos – idade com que Max Verstappen, por exemplo, já venceu um GP de F1. Neugebauer competiu em diversas categorias de fórmula, como F-São Paulo e F3 Sul Americana, mas o caminho rumo a uma carreira internacional acabou sendo interrompida pela crise mundial de 2008.
Foram seis anos afastados da pista, até que o retorno às competições, como rali e Mit Cup, dessem abertura para a estreia na prestigiada categoria Porsche. E Werner começou logo com vitória em sua primeira rodada dupla, em 2016. E então graças a seu talento aquele velho sonho de ser profissional do automobilismo voltou a ser alimentado, sobretudo pelas ótimas oportunidades oferecida pela categoria criada por Dener Pires.
“Além do carro, que é incrível de guiar, a qualidade do evento da Porsche traz diversas possibilidades de ativações, integrando os convidados a rotina dos pilotos. Isso é facilmente percebido pelos patrocinadores e gera para eles uma excelente oportunidade para estreitar laços com quem quer que sejam os seus convidados. Tudo isso facilita bastante na hora de viabilizar patrocínios e são oportunidades que outras categorias não conseguem oferecer da mesma forma”, diz Werner.
O rápido sucesso do piloto garantiu em menos de dois anos mais uma conquista histórica: o título da Porsche Cup. E a vitória novamente veio de forma impressionante, com uma das disputas mais emocionantes dos últimos anos contra Miguel Paludo – piloto que também fez da Porsche seu trampolim para carreira internacional, competindo inclusive em duas das três divisões da Nascar.
“A decisão de 2018 foi a corrida mais emocionante da minha vida. Era a preliminar da F1, última etapa do campeonato. Na primeira corrida do final de semana, 4 pontos separavam o primeiro do terceiro colocado. Eu fui segundo e o Paludo, primeiro. Nós fomos pra última corrida super empatados, o critério de desempate era a quantidade de 3 lugares. No sorteio inverteu os quatro primeiros, nós largaríamos lado a lado e quem chegasse na frente do outro era campeão”, diz Werner, relembrando a corrida em Interlagos que valeu o título de campeão em 2018.
“Eu larguei bem e consegui colocar um ou dois carros entre a gente e logo depois passei mais um. Ele precisava avançar, mas acabou batendo ao tentar ultrapassar outro carro e eu fui campeão. Foi um final de semana de bastante ansiedade e tensão.
E sobre um piloto que admiro muito (Paludo), pois é muito cerebral e competente, sempre pensando no campeonato”, completa o gaúcho de 34 anos.
O título ajudou a abrir portas para Neugebauer conseguir contrato com a Shell, integrando a equipe oficial da patrocinadora que é a principal marca a investir no automobilismo brasileiro. Com nove vitórias e 19 pódios na Porsche, Werner também já iniciou sua carreira internacional com um importante troféu: o de vice-campeão das 24 Horas de Dubai em 2019.
Para 2020, o objetivo é claro: conquistar mais dois títulos na Porsche: o de campeão geral, repetindo o feito de 2018, e o da Endurance, na qual compete também na equipe oficial Shell, ao lado de uma das grandes referências do automobilismo brasileiro, Ricardo Zonta.
“A meta para este ano é ser consistente, para disputar o título nas duas categorias. Com o título, penso em seguir minha meta de viver do automobilismo e quem sabe em breve pilotar ‘naves’ como o DTM (da Alemanha), GTLM e protótipos (de competições como IMSA e 24 Horas de Le Mans). Mas hoje meu maior sonho no automobilismo é viabilizar minha permanência de forma profissional”, diz Werner.
Seguindo os passos de seu ídolo, Ayrton Senna, a quem define como modelo “não só pela histórico de vitória, mas pela competência e exemplo de dedicação”, Neugebauer vem mostrando na pista que realizar este sonho pode ser ainda mais doce do que o mundo do chocolate – ao qual se dedicou como empresário nos oito anos em que esteve fora das pistas.
“O chocolate é uma tradição da família, mas não dá para competir pela paixão pela velocidade”, diz Werner, lembrando que o filho mais velho, de 5 anos, já dá também suas aceleradas em um pequeno kart. Pelo visto, o sobrenome Neugebauer está cada vez mais associado ao doce sabor… do champanhe.