Frangulis e a experiência de domar o Porsche
Mais que uma categoria no automobilismo, a Porsche Cup é uma plataforma de realizar sonhos.
Todos os envolvidos com o evento, desde o mais simples funcionário do estafe até o promotor do campeonato, passando por pilotos, engenheiros, time de marketing e mecânicos -todos- têm em comum a paixão pelo esporte a motor.
Poucas coisas são mais gratificantes para os envolvidos no evento da Porsche Cup que acompanhar um competidor extrair o máximo do equipamento em busca de frações de segundo.
A trajetória de Georgios Frangulis é um exemplo.
Depois de estrear em 2019, ele vem a cada etapa mostrando evolução e familiaridade com os carros de corrida mais produzidos no planeta.
A jornada de Interlagos na etapa passada é um exemplo disso. Georgios colocou a máquina com as cores do Oakberry no Q2 do quali na sexta-feira. E, no sábado, confirmou a boa fase conquistando seu primeiro pódio.
O troféu na classe GT3 Cup Sport com certeza deixa o piloto mais confiante para o restante da temporada.
Em depoimento exclusivo para o site da Porsche Cup, Frangulis relata como tem sido seu processo para domar os 450 cavalos de seu carro de competição:
“Antes da Porsche Cup nunca havia corrido com absolutamente nenhum carro de corrida. Meu primeiro contato foi no ano passado, em um treino que fui convidado no autódromo de Interlagos.
Andar naqueles treinos em Interlagos foi algo muito bom para mim, sou apaixonado por automobilismo desde que me entendo por gente. Andei direitinho nos treinos, e com isso surgiu a ideia do corpo técnico da categoria falando que já poderia correr na etapa seguinte em Estoril. Me joguei de cabeça nessa oportunidade! Comprei as passagens e fui para Portugal correr. Foi a primeira vez que andei no Cup sem a restrição de acelerador. E já no meu primeiro treino, consegui tempos mais rápidos que alguns pilotos mais experientes, coisa que definitivamente não imaginava estando completamente cru naquele carro.
Na minha corrida seguinte, em Interlagos passei pela situação mais tensa que vivi dentro da minha pouca experiência nas pistas. Eu tinha um pouco mais de uma hora guiando um carro de corrida, estávamos de pneus Slick e a falta de experiência me fez não perceber o início da chuva na última volta e bater muito forte no S do Senna após uma ultrapassagem no início da reta.
Foi uma situação muito tensa, principalmente por se tratar de um piloto novo no esporte a motor. Ainda no ano passado, tive mais uma vez a falta de experiência como fator decisivo na etapa preliminar da Fórmula 1, onde perdi dois pódios por erros meus na última volta das duas corridas.
2020 chegou e com ele veio meu primeiro ano cheio dentro da Porsche Cup. Aquele acidente em Interlagos ainda estava na minha cabeça durante a primeira etapa, e com isso o resultado não foi o que eu esperava. Mesmo assim, o César Ramos me dizia ‘cara, você está andando melhor que muita gente que já corre a muito tempo e inclusive já andou em mais de uma categoria. Você pode não notar, mas evoluiu muito nesses últimos tempos.’
E então veio a pandemia. Esse tempo de distanciamento social me fez mudar minha cabeça em relação ao automobilismo. Eu estava realizando o sonho da minha vida, tinha que sentar no carro e deixar a cabeça livre de qualquer pensamento que não fosse voltado para aquele momento.
E isso deu resultado. Pois essa mudança na cabeça me fez colocar tudo no lugar, e já no primeiro treino pós pandemia eu fui o piloto mais rápido da minha categoria. O que gerou inclusive brincadeiras entre os outros pilotos, perguntando se eu tinha ido para a Europa treinar durante o período sem atividades. Mas, não. Isso foi resultado de uma grande mudança de mentalidade. Durante a pandemia fiz apenas dois treinos de kart, o grande trunfo foi mental mesmo.
Na sexta-feira liderei novamente o treino da categoria e fiquei em terceiro colocado da geral. Os bons resultados me trouxeram boas expectativas e muita confiança para a etapa. No quali, consegui meu principal resultado até então. Segundo colocado na minha categoria e classificação ao Q2 da GT3 Cup. Para o Q2 não tinha mais jogo de pneus novos, nossa estratégia não contava com a minha passagem para o Q2 do geral e acabamos utilizando mais pneus novos do que deveríamos nos treinos; com isso, larguei da 10ª do posição do geral no sábado.
Minha primeira experiência correndo com chuva foi nessa mesma etapa. Tive que aprender a andar naquelas condições já dentro da corrida. Consegui meu primeiro pódio terminando em quarto da 3.8 Sport. Você começa a perceber todo seu desenvolvimento quando você consegue se concentrar e guiar com a cabeça livre de outros pensamentos. Ainda tenho poucas “horas de voo” dentro de um carro de corrida. Com o passar do tempo, tenho certeza que vou me desenvolver ainda mais como piloto.”