Entrevista – Ricardo Baptista: “Fazer uma bela ultrapassagem é tão bom quanto ganhar uma corrida”
Nos três anos de disputa do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, o paulista Ricardo Baptista andou sempre entre os primeiros colocados. Na primeira temporada, subiu ao pódio em várias corridas e terminou o campeonato em quinto lugar. Na segunda, ganhou sua primeira corrida e encerrou o ano em terceiro. Em 2007, chegou ao título vencendo oito corridas (metade das que foram disputadas) e tornou-se o campeão com maior número de pontos marcados: 250 válidos (aplicando-se o descarte regulamentar das duas piores pontuações) e 266 totais.
Baptista é o participante mais jovem do Porsche GT3 Cup − completou 31 anos em 2007. Foi um piloto de ponta no kart paulista (o mais competitivo do Brasil) entre 1991 e 1994. Depois de alguns anos de afastamento, voltou às pistas disputando as competições do Porsche Club Brasil, no começo da década de 2000. Em 2005, foi um dos primeiros pilotos a confirmar participação no Porsche GT3 Cup. Quinto colocado em 2005, subiu para terceiro em 2006 e foi campeão em 2007. Altamente motivado, como se pode ver nesta entrevista, é logicamente um dos favoritos ao título de 2008.
Qual foi o melhor momento da temporada 2007 para você?
Sem dúvida, a vitória na preliminar do GP do Brasil de Fórmula 1. O autódromo estava cheio, a corrida foi muito disputada e eu tive um duelo com o Olivier Maximin, que corre no Porsche Supercup e é piloto profissional na Europa. Consegui ultrapassar e segurar o francês. Foi muito emocionante. Eu já havia garantido o título no sábado, um dia antes da corrida, e pude correr sem pressão, sem me preocupar em marcar pontos. Deu para brincar!
O que você espera do Porsche GT3 Cup para 2008, com os carros novos (geração “997”)?
Acho que vai igualar a competição. Pelo que sei, o “997” tem mais potência mas é mais fácil de pilotar, principalmente por ter melhor estabilidade. Hoje, por exemplo, nem todos os pilotos fazem a Curva do Sol “cravado”, a plena aceleração. Com o carro novo, vai ser mais fácil fazer isso. O freio é diferente, sem ABS. Dá para frear mais perto da curva, desde que isso seja feito com suavidade… Cada um vai ter que desenvolver suas manhas. Outro detalhe: o câmbio seqüencial deverá diminuir significativamente os erros em troca de marcha. Vai ter menos quebras, e conseqüentemente mais gente na pista para brigar pela vitória. Vai ser muito competitivo.
Cite um momento marcante de sua carreira nas pistas.
Fácil: as corridas 5 e 6 da temporada de 2007, em Interlagos. Fiz a pole position, mas na primeira prova o sinal acendeu e apagou. Muita gente largou mal, eu inclusive. Me afobei ao tentar ultrapassar o Marcelo Ometto, bati nele duas vezes e caí para último nas duas vezes! Terminei em décimo lugar e essa era minha posição de largada para a prova 6. Saí lá de trás, passei um monte de gente e ganhei a corrida. Foi uma tremenda atuação minha. Ali eu “me coloquei” na disputa pelo título, percebi que dava para chegar lá. E, realmente, depois disso desembestei a ganhar! Nas oito corridas seguintes, foram seis vitórias e dois segundos lugares. E fiz uma ultrapassagem sobre o Clemente Lunardi (prova 8, em Curitiba) que foi uma das mais bonitas da temporada.
Outro momento marcante foi a ultrapassagem que fiz sobre o francês (Olivier Maximin) na preliminar da F1. Você não imagina o quanto eu vibrei dentro do carro! Foi uma sensação muito boa. Aliás, fazer uma bela ultrapassagem dá uma sensação muito boa. Talvez até melhor que a de ganhar uma corrida.
Você fez alguma preparação específica para esta temporada?
Para falar a verdade, não. Fiz tudo igual ao que venho fazendo desde 2005. Mas é claro que, quando você começa a ganhar corridas, a responsabilidade aumenta. Neste ano, larguei na primeira fila em quase todas as corridas. É claro que você fica mais focado. Paradoxalmente, a chance de erro aumenta por causa da responsabilidade de continuar ganhando. É preciso controlar esse nervosismo, essa tensão. Felizmente, consegui!
Reprodução de textos e fotos autorizada para uso jornalístico. Créditos: Divulgação Porsche GT3 Cup (texto) e Vinicius Nunes/divulgação Porsche GT3 Cup (fotos).